Espetáculo "Ser Outra" de Na Companhia das Meninas na Funarte


A Na Companhia das Meninas abre sábado, 1º de fevereiro de 2014, na Sala Renée Gumiel do Complexo Cultural Funarte São Paulo, nova temporada do espetáculo Ser outra, com as bailarinas Ana Paula Lopez e Patrícia Jaia – Paty Jaia. A composição é fruto de uma extensa pesquisa, tanto teórica como de campo, realizada ao longo de três anos pelas duas artistas. Seu tema: o universo feminino na contemporaneidade.

Ao questionar o paradigma de um modelo ideal feminino, Ser outra convida o público a conferir a visão que a sociedade atual impõe a cada um. De acordo com Ana Paula e Patrícia, se através dos tempos a mulher foi sempre oprimida por ideais de beleza ligados ao sofrimento, no século XXI a “violenta midiatização do corpo feminino” torna essa opressão “tenebrosa e mórbida”. “Envelhecer é proibido. Ser natural, ser você mesma, é estar fora. Mas fora do quê? De onde? Da aceitação do objeto-referência”, analisam elas.

Inspirada na poesia Sonetos que não são, de Hilda Hilst, e na pintora mexicana Frida Kahlo, a coreografia explora as interfaces da dança com as linguagens do teatro, da literatura e das artes plásticas para levar aos mais diferentes tipos de público toda a complexidade do tema proposto. Já as referências que dão base ao tema do espetáculo englobam pensadores como Simone de Beauvoir, Clarice Lispector e Lia Ribeiro, além de experiências individuais das artistas e vivências em delegacias da mulher e no grupo de autoajuda Mada – Mulheres que amam demais.

Uma última e importante referência, entretanto, ficou por conta do acaso: durante o processo de pesquisa, as duas intérpretes-criadoras se depararam, mais de uma vez, com a mesma imagem urbana: cadeiras velhas, destroçadas, atiradas na calçada. Para elas, a relação com o corpo feminino foi inevitável. “A mulher é um objeto sexual, e sabemos que quando um objeto fica velho ele perde o seu valor.” Ao mesmo tempo, “a cadeira é um objeto doméstico, passivo – como é a atitude esperada de uma mulher nas sociedades tradicionais”, comparam.

Assim, entra em cena no espetáculo uma terceira personagem – uma cadeira velha , metáfora para a visão social da condição feminina. E o enredo se desenrola a partir do encontro, nos escombros do sótão do inconsciente feminino, entre esta cadeira, uma mulher e seu avesso.

Funarte
Alameda Nothmann, 1058 - Campos Elíseos - São Paulo - SP - Tel.: (11) 3662 5177
Sala Renée Gumiel
Sábado, 20h; domingo, 19h.
A bilheteria abre uma hora antes.
Ingresso: R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia entrada)





0 comentários: